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A virar-se para o Tejo, o Barreiro tem agora um cais para passeios de gaivota

todayseptiembre 5, 2024 1

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A virar-se para o Tejo, o Barreiro tem agora um cais para passeios de gaivota

Foi há três anos que o Barreiro ganhou um novo espaço de usufruto ao ar livre, com a conclusão das obras no Parque Recreativo da Cidade, na freguesia da Verderena. Agora, aos parques – um infantil e um canino –, à zona de fitness, às mesas e bancos de merendas, aos caminhos pedestres e à continuação da ciclovia existente, juntam-se actividades náuticas. A oferta é do Cais das Gaivotas, que se instalou junto à Caldeira do Alemão, com um serviço de gaivotas a pedais e barquinhos a remos. “É só a primeira fase. A ideia é começar a fazer também passeios à vela no rio e inaugurar um barco-hotel”, revela o responsável, João Pinto. Camarro de gema, venceu o primeiro lugar da Startup Barreiro em 2022, inaugurou o projecto há um mês e mal pode esperar para dar a conhecer o estuário do Tejo a partir da Margem Sul.

Cais das Gaivotas
© Francisco Romão Pereira / Time OutAo meio, João Pinto, o proprietário do novo Cais das Gaivotas

A vista é tudo o que se quer de uma frente ribeirinha. No total, contam-se 579 árvores mediterrâneas de 11 variedades de espécies, incluindo ameixoeiras, romãzeiras, medronheiros, ciprestes e magnólias. Há ainda três restaurantes com esplanada e a Caldeira do Alemão, que em tempos serviu a indústria da cortiça, é o espelho d’água perfeito para actividades de lazer como as que João Pinto propõe. A ideia, conta-nos, era trabalhar uma marítimo-turística no Barreiro. Queria fazer passeios de barco à vela, porque há tantos e nenhum a partir desta margem. Depois, numa viagem ao norte da Alemanha, percebeu que a sua terra também tinha potencial para uma exploração de gaivotas a pedal e barquinhos a remos.

“Inicialmente, queríamos fazê-lo na praia de Alburrica, mas não foi possível por não ter ainda Bandeira Azul. Em alternativa, a autarquia sugeriu esta caldeira, que me agradou logo, porque as condições são brutais. A água, por exemplo, somos nós que a controlamos, porque há uma comporta e, portanto, temos sempre água, mesmo quando a maré está alta, e fazemos renovação de 15 em 15 dias, por causa da vida marinha”, conta-nos João Pinto, que é designer de equipamentos e, apesar de não ter desenhado as gaivotas, desenhou o posto de informação e venda. “Mas desde criança que tenho uma ligação à água. Fiz remo, faço surf desde os 14 anos e adquiri um veleiro há uns anos, que agora gostava de usar para fazer passeios, porque não há nenhum a partir do Barreiro e normalmente também nunca se vem a este lado, portanto a ideia é ver o Barreiro de outro ponto de vista.”

Cais das Gaivotas
© Francisco Romão Pereira / Time Out

No dia em que visitamos o Cais das Gaivotas, por volta das 11.00, já há alguém a dar ao pedal no meio da caldeira. Ao todo, há cinco gaivotas em fibra de vidro, todas de dois lugares (está previsto ficar disponível uma quinta para quatro pessoas e ainda um barquinho a remos). São os modelos mais clássicos, para ver se a nostalgia bate forte. Quando descemos para a plataforma flutuante onde se atraca, já vamos de colete salva-vidas vestido, mas João recomenda também arregaçarmos as calças e tirarmos os sapatos, para estarmos mais à vontade. O resto não tem nada que saber, mesmo que seja a sua primeira vez. É só entrar e começar a exercitar as pernas. Se lhe apetecer parar a meio da caldeira também pode ficar só a apreciar a vista. Quando o tempo terminar – 30 minutos são 10€, uma hora são 18€ –, o aviso surge na forma de uma bandeira com a cor da sua gaivota.

Cais das Gaivotas
© Francisco Romão Pereira / Time Out

“A inauguração foi em Julho e temos recebido muitas famílias, mas nem sei dizer se mais crianças ou mais adultas, porque temos recebido muitas pessoas que, à partida, diríamos que não se iam aventurar”, revela João Pinto. “Já agora, a minha ideia desde o início é que este seja, o mais possível, um projecto sustentável, de maneira que já iniciámos a candidatura para a Bandeira Azul, que seria um reconhecimento dos nossos esforços. Nós agora estamos a usar um gerador, para manter a electricidade do posto a funcionar, mas até já mandei vir painéis solares. Entretanto, se tudo correr bem, a segunda fase – os passeios de veleiro – começará lá para o final de Setembro. Já a última fase – um barco-hotel, que permitirá pernoitar no meio do estuário do Tejo – surgiu para dar uma resposta a uma necessidade, porque se estamos a trabalhar a oferta turística do Barreiro temos de ter capacidade para receber os turistas.”

O que João Pinto ainda gostaria de fazer, confidencia-nos, era transformar um antigo barco da Soflusa, que fazia a travessia Barreiro-Lisboa, num moderno barco-hotel. Mas, ao que parece, perdeu a oportunidade de ter disponível um barco da Transtejo a custo zero. “Teria de ser cedido à autarquia para a divulgação, por exemplo, da história da Transtejo Soflusa no Barreiro, que tem um peso muito grande na cidade, mas não foi possível porque não se encontrou a tempo o sítio ideal para o ancorar e, entretanto, com a chegada dos novos navios eléctricos, venderam-no. Era o São Jorge, que tinha uma lotação para mil pessoas. Enquanto hotel, a lotação seria menor, claro, mas era muito grande. De qualquer forma, não vale a pena chorar: estamos a equacionar outras hipóteses.”

Cais das Gaivotas, Caldeira do Alemão, Rua de Maputo. Seg-Sex 10.00-13.00/ 17.00-21.00, Sáb-Dom 10.00-21.00. 10€-18€

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