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O olfacto é o primeiro sentido a ser provocado quando entramos na recém-inaugurada Silent Home, ali a meio caminho entre o Marquês e as Amoreiras. E a culpa é das velas espanholas da Cereria Mollá, casa fundada em 1899, mas que soube renovar a tradição. Hoje, são feitas com cera de soja e pavio de algodão e vêm em frascos de vidro, pintados à mão, suficientemente discretos para entrarem de mansinho em qualquer cenário. Os aromas são outro capítulo – lírio e orquídea negra para os apreciadores de notas florais, toranja e maresia para uma dose de frescura estival, ou a subtileza da verbena siciliana.
Não é por acaso que ficamos retidos num expositor de velas e difusores, logo à entrada. As fragrâncias são uma das paixões de Daniel Fonseca e Hugo Covaneiro, de tal maneira que a própria Silent Home nasceu da ideia de criar uma marca para perfumar os lares alheios. “As fragrâncias que escolhíamos, tanto as pessoais como as da casa, sempre foram muito elogiadas. A certa altura começámos a fazer as nossas próprias misturas”, conta Hugo. O desejo ficou apenas adiado. “Existem coisas muito boas, seria sempre muito difícil entrar no mercado”, continua. “Além de todo o processo de combinação das fragrâncias, que é complexo e demorado”, completa Daniel.
Entretanto, o projecto ganhou outra escala – o de uma curadoria inteiramente dedicada ao design e à decoração, com morada física desde Maio. E sim, as velas perfumadas são apenas notas de topo numa selecção cuidadosa – e em parte pessoal – de mobiliário, peças de arte e design e decoração. Hugo fala num espaço orgânico, onde as novidades chegam ao ritmo das novas descobertas e da criatividade dos dois mentores. “Queremos estar presentes na casa das pessoas através de cores, de texturas. Queremos inspirá-las quando entram na loja. E isso já é outra coisa, é criar um lifestyle”, foca Daniel.
A dupla já esteve noutras andanças. Hugo passou cerca de duas décadas em Londres, num gabinete de design de interiores, a supervisionar projectos um pouco por todo o mundo. Fartou-se e, há sete anos, regressou a Portugal. Daniel trabalhou no retalho de luxo, na Louis Vuitton para sermos exactos. Há quatro anos, Lisboa juntou-os.
A Silent Home vive de uma harmonia conseguida a meio caminho entre o minimalismo e o excesso que o contrapõe – algo que o casal define como quiet luxury, termo que tem sobressaído no mundo da moda. Se por um lado procura designs intemporais e peças desenhadas a pensar no conforto, por outro, propõe uma selecção de objectos capazes de conferir personalidade a qualquer divisão. “Pode dizer-se que é uma escolha eclética. Um pouco de tudo e para todos, dentro do que é o nosso conselho. Também temos recebido clientes com uma faixa etária bastante abrangente – clientes que fazem as suas escolhas de ordenado em ordenado e pessoas já com algumas posses”, explica Hugo.
Os preços são outro factor a ter em conta. “Em Portugal, temos o super luxo ou então o super acessível e nós queremos poder responder à falha que existe aqui no meio”, refere Daniel. Quanto às geografias de onde chegam as peças aqui à venda, estas podem ser tão longínquas como o Vietname, procedência dos candeeiros e caixas em seda. Os tapetes chegam de Marrocos e da Turquia. No Norte de Itália, a Silent Home conseguiu firmar uma parceria com uma fábrica e produzir uma linha própria de mantas. O design feito em casa é, aliás, um projecto que deverá ganhar forma ainda este ano. As velas perfumadas, essas, continuam a ser um plano à espera de concretização – quem sabe 2025 não será o ano para voltar ao laboratório e misturar cheirinhos.
Rua Joaquim António de Aguiar, 70 B (Lisboa). Seg-Sáb 10.00-19.00
+ Disco Wheel: a loja de cerâmica que esconde um estúdio atrás do pano
19:00 - 23:00
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Un momento para hablar con Dios
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