Imagine-se sentado no banco de uma igreja da cidade, a 1 de Novembro de 1755, Dia de Todos os Santos, minutos antes da terra começar a tremer. De repente, tudo desaba, as chamas deflagram. Na verdade, pode parar de imaginar. Essa é uma das experiências que pode viver dentro do novo e imersivo Quake – Centro do Terramoto de Lisboa. Um espaço divertido, mas que ao mesmo tempo alerta para a iminência de um novo grande terramoto em Lisboa. O Quake é para brincadeiras, mas também lhe junta história, arquitectura, ciência e política numa experiência imersiva e pedagógica.
Fotografia: Ricardo LopesRecriação da Lisboa do século XVIII
Não vamos dar mais spoilers sobre a experiência – ou não fosse “espere o inesperado” o lema da casa. A magia do Quake passa por não saber o que se esconde atrás de cada porta que se vai abrindo, neste centro que é uma porta de entrada para o trabalho dos historiadores sobre o terramoto de 1755. No final é possível que até fique com uma lágrima no canto do olho.
Sabia que nesse dia o fumo matou pessoas em menos de um minuto? Ou que o rei D. José insistiu em passar a dormir numa tenda, conhecida por Real Barraca? Há muito para aprender durante o percurso, dividido entre as várias salas que ocupam 1800 metros quadrados divididos por três pisos. A experiência é multissensorial e pelo caminho explica toda a ciência que está por detrás de fenómenos sísmicos, além de dar ferramentas sobre como proceder em caso de terramoto. Nesta área, a equipa contou com o contributo especial das sismólogas Susana Custódio e Luísa Matias e Susana Custódio, bem como com o “Treme Treme”, um jogo digital para crianças, sobre o que fazer antes, durante e depois de um terramoto.
A entrada faz-se por grupos a cada dez minutos e as salas recheadas de efeitos especiais, tecnologia 4D e estações interactivas (como a da igreja) têm um contador que indica o tempo que ainda pode permanecer lá dentro. Se souber a pouco, a experiência não se esgota dentro destas paredes. Cada visitante tem direito a uma pulseira RFID que pode ser usada em 40 pontos do Quake e que lhe envia informação extra para o email sobre cada assunto.
A ideia começou a abanar há uns anos na cabeça de Ricardo Clemente e Maria João Marques, os fundadores do Quake, que começaram por imaginar um simulador de realidade virtual sobre o terramoto. A ideia foi crescendo e culminou numa experiência que pode ser partilhada – e sem óculos especiais. “A realidade virtual é isolada, acaba por não ser partilhada por quem faz a visita. É uma experiência individual, mas aqui as pessoas sentem as emoções ao mesmo tempo”, diz Maria João, para quem o Quake é “uma aula de história, de ciência, de segurança e de arquitectura”, que desperta todos os sentidos. Até o paladar, que pode ser activado na loja do Quake, onde serão vendidos doces conventuais, que também existiam na época.
A tecnologia do novo espaço tem o dedo da experiente empresa holandesa Jora Vision, que tem na carteira de clientes nomes como a Disney ou a LEGO. Na equipa trabalham pessoas de cerca de 20 nacionalidades, o primeiro passo para a globalização da história do terramoto que mudou o curso da história de Lisboa. Também por isso, a experiência está disponível em quatro línguas (português, espanhol, francês e inglês). “O Quake vem mostrar a importância que o terramoto teve no mundo e aparece como bandeira desta reconstrução”, diz Ricardo, referindo-se ao plano de reconstrução pós-terramoto, o primeiro do mundo de uma cidade em larga escala.
Fotografia: Ricardo LopesNo Quake também se aprende tudo sobre o fenómeno
A dimensão urbanística é apenas uma das vertentes do Quake, que também vira as atenções para a ciência, uma vez que a sismologia se desenvolveu como nunca graças a este advento; ou para a dimensão social-filosófica, numa época em que despontava o Iluminismo, dando “substância a uma série de coisas abstractas” como a “ideia das alterações de natureza explicadas pelo Divino”, que acabou por encontrar uma explicação científica, exemplifica André Canhoto Costa, historiador responsável pelo rigor científico da experiência.
Com o Quake, o historiador acredita que as pessoas vão ficar mais próximas do acontecimento, ao saírem com mais informação na bagagem, como a resposta ao terramoto ou a ascensão do Marquês de Pombal (que então ainda não era marquês). E destaca a importância do Quake aproximar a tecnologia dos arquivos históricos, que tanto tempo levam a construir e cuja mensagem poucas vezes chega ao grande público: “É uma porta de entrada para o trabalho dos historiadores, que têm dificuldade em comunicar com o público.” Uma das fontes para a construção do Quake foram, por exemplo, os Elementos Para a História do Município de Lisboa, um conjunto de volumes publicados a partir de 1882, onde o olisipógrafo Eduardo Freire de Oliveira reuniu uma série de anotações do Arquivo Municipal, muitas com relatos da vida diária na cidade da época.
Ricardo LopesNo Quake também encontra histórias de personagens da época
A qualquer momento, um sismo semelhante ao de 1755 pode voltar a abanar Lisboa. “A comunidade científica não tem dúvidas que é uma questão de quando. O risco é grande e a população não o tem enraizado”, alerta Ricardo. “O objectivo é que estejam mais preparados quando terminam a visita.”
Enquanto não faz a sua visita, não deixe de consultar o site oficial do Quake, onde já está disponível uma série de informações úteis no separador “Esteja preparado”, onde se lê: “Há medidas simples que deve tomar para se preparar para um sismo forte. É certo que este irá acontecer, só não sabemos quando.”
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